Quando passei no vestibular e fui estudar na Universidade (UFS), década de 80 do século XX) entrei em contato com diversos colegas que viviam em várias cidades. Era comuns essas pessoas tocarem no assunto política e a cidade preferencial, para este assunto, era justamente a política de Itabaiana.
Uma das coisas que mais se comentava era como se mantinha os chamados currais eleitorais e a que sempre me chamou a atenção é que grande parte desses novos colegas sempre me perguntavam qual o líder político foi o meu padrinho de batismo. Eu achava a pergunta estranha, já que os meus padrinhos de batismo não eram políticos, mas depois de perguntar a vários desses colegas que estudavam na universidade descobri que muitos realmente eram batizados pelo líder politico por ocasião do nascimento dos mesmos!.
O fato dos chefes políticos, principalmente em cidades do interior, serem os preferidos pelas famílias para serem padrinhos era uma das maneiras de se garantir o voto da família e muitos chefes de família se orgulhavam de terem os filhos como afilhados destes líderes políticos.
Achando estranho o fato dos meus padrinhos não serem líderes políticos foi que liguei os fatos. Eu não sou filho do casamento civil (primeiro casamento do meu pai) e sim filho da terceira mulher e que nunca se casou por que simplesmente depois de casado não existia a possiblidade da separação (o chamado divórcio) e para os filhos fora do casamento civil (chamado de bastardo) eram proibidos pela igreja de serem batizados. Não me perguntem como tive padrinhos de batismo por que meu pai e minha mãe nunca me disseram como fui aceito e batizado e o como padre da época não se recusou em me batizar. Alias, é bom que se diga, sempre que ia a igreja, em horas de batismo, o padre me mandava se aproximar (não foi somente um padre), perguntava pelo meu nome e sempre me rebatizava (se é que existe isso). Ligando os fatos se descobre por que não tive padrinhos líderes políticos.
Naquela época era comum as pessoas se sentarem, durante a noite, as portas das casas para jogarem conversa fora e em uma dessas ocasiões o causo contado por meu pai foi como o líder político da ocasião o interpelou.
Verso do título eleitoral da década de 60 do seculo XX | Cédula eleitoral da década de 80 do século XX |
Meu pai estava chegando da feira quando o carro do líder e seus seguranças (eu diria capangas) pararam em frente à casa. Boa tarde Seu (o mesmo que Senhor) Carlos? Meu pai prontamente respondeu. O líder político foi logo questionando se meu pai era realmente eleitor dele e que meu prontamente confirmou. O líder insatisfeito falou que queria uma prova que ele realmente era eleitor do mesmo. Mandou que meu pai dobrasse o título de eleitor e a Cédula Eleitoral (eram feitos de papel jornal) colocando os dois juntos na urna de votação. Como muitos dos fiscais que contavam os votos eram ligados ao líder politico, chega-se a conclusão de como eles sabiam como os eleitores votavam!
Texto original : OS CEBOLEIROS
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