Modelo de caminhão que era frequentemente usado |
No final da década de 70 e início da década de 80 (século XX) surgiu a moda de se ir a praia de caminhão (não confundir com transporte pau-de-arara). Nesta mesma época era comum a torcida do Tricolor da Serra (Associação Olímpica de Itabaiana) ir aos jogos na capital (Aracaju - SE) utilizando as carretas (Scanias) da Transportadora Sergipana. Durante muito tempo presenciei e participei dessas viagens as praias e também os jogos do tricolor.
Neta época, as Polícias Rodoviárias Federal e Estadual toleravam o transporte de pessoas nas carrocerias dos caminhões, contanto que as pessoas permanecessem sentadas durante a viagem. Durante o percurso as pessoas realmente permaneciam sentadas, mas quando adrentavam em áreas urbanas as pessoas, que vinham sentadas próximos as carrocerias, costumavam ficar em pé e segurando na parte alta que fica logo atrás da cabine (boleia).
A primeira viagem
A primeira dessas viagens que fiz foi para a praia do Abais (Estância- SE). Combinei com os colegas do CEMB (Colégio Estadual Murilo Braga) e no domingo há sete horas estava em frente ao Colégio Guilhermino Bezerra. Nesta época, a estrada que ligava a BR-101 a praia de Abais era de “barro batido”. Ainda hoje existe uma ponte no chamado Rio Fundo, só que naquela época a ponte era de madeira! Na viagem de ida os carros passaram
pela ponte normalmente e não houve pânico entre os viajantes. O problema é que o volume de carros trafegando neste dia foi uma coisa fora do normal e na volta à ponte balançava quando passava mais de um carro ou mesmo um carro de grande porte (ônibus ou caminhão).
pela ponte normalmente e não houve pânico entre os viajantes. O problema é que o volume de carros trafegando neste dia foi uma coisa fora do normal e na volta à ponte balançava quando passava mais de um carro ou mesmo um carro de grande porte (ônibus ou caminhão).
Para evitar acidentes, os motoristas pararam e resolveram que deveriam passar um carro de cada vez e os de grande porte deveriam passar sem os passageiros. Quando chegou nossa vez, o carro se locomovendo na ponte e os passageiros seguindo a pé!. Quando chegou a terra firme, os passageiros correram e subiram para continuar viagem. Só que alguns se atrasaram (eu fui um deles) e um engraçado, que já estava em cima do transporte, gritou: vamos embora? O motorista obedeceu!!! Eu fui o primeiro a sair correndo, de braços abertos e gritando, mas o motorista percebeu, deu de ré até onde estávamos, parou o carro, subiu na carroceria e gritou bastante irritado: quem foi o “muleque” que gritou que já podia ir? Silêncio total… Não precisa dizer que nunca mais fui a um passeio com a mesma turma.
Inauguração da Escola Estadual Guilhermino Bezerra |
Aparência atual da Escola Estadual Guilhermino Bezerra |
Torcendo pelo Tremendão da serra
Também íamos de caminhão torcer, pelo Tremendão da Serra, nos diversos jogos que ocorriam em várias cidades, mas a grande maioria eram realizados em Aracaju. Mesmo nesta época já ocorriam brigas entre as torcidas e sempre apareciam aqueles exaltados que faziam besteiras. Em um desses jogos quadrangulares (dois jogos) a torcida do Sergipe cercou os ceboleiros, na saída lateral do Batistão (Estádio Lourival Batista), jogando pedras. Coincidentemente, junto a carreta, pertencente Transportadora Sergipana (tem o nome de sergipana, mas transportava a torcida do Itabaiana), estava espalhado, pelas nas proximidades, restos de construção e tinha vários pedaços de mármores. Foi o suficiente para se travar um guerra de pedras. Eu estava tocando na charanga e fiquei agachado dentro da carroceria com o tarol sobre a cabeça.
Saímos do meio desta guerra indo em direção a Avenida Barão de Maruim e paramos no cruzamento, com Rua Itabaiana, para subida dos que em vez de irem assistir ao jogo aproveitaram para conhecer e passear por Aracaju. Neste mesmo momento ia passando um sujeito, em uma bicicleta de corrida, com camisa do confiança, apontou para a torcida e saiu gritando: olha a turma de tabaréu, deve ser tudo “viado” do interior! O problema é que logo depois a carreta também começou a andar e acompanhou o infeliz torcedor do confiança! O pessoal resolveu revidar a agressão verbal jogando pedaços de mármores e soltaram vários rojões. O sujeito caiu no chão sangrando, no cruzamento da Barão de Maruim com Avenida Canal (bem próximo a Praça da Bandeira), logo depois se levantou (felizmente) e xingando a todos de corno e “viado” !
Passeio na Praia de Atalaia
Entre as várias viagens para a praia de Atalaia (Aracaju - SE), em uma ocorreu um fato interessante. Durante a viagem de ida e no decorrer do dia a diversão ocorreu tudo bem, mas o fato interessante ocorreu na volta. O caminhão não estava muito cheio, com metade da carroceria vazia e tinha algumas passageiros que moravam no Povoado Rio das Pedras. Nesta época, tinha um sujeito (ex-caminhoneiro) que era conhecido por George Doido que costumava andar para tudo que é povoado a pé e sempre que podia conseguia uma carona. A dificuldade dele conseguir carona era que o mesmo não costumava tomar banho! Quando da chegada ao povoado para a descida dos passageiros moradores do local, o George ia passando e os passageiros que iam continuar viagem passaram a gritar para o motorista “arrastar o carro”, mas a gritaria foi em vão, o George Doido conseguiu subir a tempo para a carona. A gritaria era que o George estava todo cagado e tivemos que agüentar a fedentina, embora todos rindo da situação, até o final da viagem!
As viagens de pau-de-arara
Não eram comuns passeios com a utilização de pau-de-arara, pois o mesmo fazia o transporte coletivo entre os povoados e municípios. Era o transporte mais utilizado por feirantes (vendedores e compradores) e como as principais feiras ocorriam (e ainda ocorrem) nos finais de semanas, era muito raro a realização de passeios com o mesmo e somente em algum eventual feriado que não fossem no final de semana é que se realizava algum passeio. Na foto, ao lado esquerdo, tirada na década de 40 (século XX) podemos ver o tradicional pau-de-arara (foto cedida pela escritora Maria do Carmo Costa).
Credito das fotos: retiradas no Grupo Itabaiana Grande no Facebook.
Credito das fotos: retiradas no Grupo Itabaiana Grande no Facebook.
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