quarta-feira, 10 de maio de 2023

O GRILO JOGADOR

Quando entrei no chamado ginasial tinha apenas 10 anos de idade e o colégio CEMB (Colégio Estadual Murilo Braga) tinha somente uma quadra esportiva para prática de Educação Física. Mas o governo resolveu construir mais uma quadra e lá se vai propaganda massiva. Não se falava outra coisa no colégio e como o colégio era uma espécie de alma viva da cidade de Itabaiana (SE), toda a cidade estava a par do fato.

Uma quadra poliesportiva!

O local escolhido, para construção, foi ao lado da quadra existente e hoje no local (das duas quadras) existe o Ginásio de Esporte José Milton Machado (O Militão). A quadra existente era de cimento liso, sem divisões e com travessões fixos. A nova quadra foi construída entre a quadra existente e o muro dos fundo do colégio, de cimento crespo (aconselhável o atleta não cair), dividida em quadrado (para evitar rachaduras com a dilatação) , tinhas traves móveis, suporte para prática de basquetebol, tinha desenho para pratica de handebol, futebol de salão e era cercada por canos! Os canos não tinha rede de metal como era e é comum nos alambrados que cercam locais fechados.

O lado da quadra, que dava para os muros, era bem mais alta que o lado para a parte interna do colégio e funcionava como se fosse uma arquibancada (sem degraus, cadeiras e não era cimentada). Foi nesta parte mais elevada onde ficaram as autoridades e o corpo diretivo do colégio.

A grande inauguração

Para os dias de hoje, a inauguração, seria um caso considerado exagerado para uma quadra tão simples para os padrões atuais. Mas, na época, vieram, de Aracaju (capital de Sergipe) o representante do governador, do Secretário de Educação e também estiveram presentes as autoridades da cidade, todo o corpo diretivo do colégio, professores e grande parte dos alunos do CEMB (Colégio Estadual Murilo Braga).

O acidente

Quando cheguei no evento já tinha acabado o falatório das autoridades. Só que ao chegar, resolvi ir para o lado onde era mais alto e escolhi ir por detrás de uma das traves., onde atletas estava praticando arremesso ( equipe de Handebol da seleção sergipana). Quando ia bem ao fundo do travessão, um dos atletas fez um arremesso que estufou a rede o suficiente para a bola acertou bem no meu rosto!. Com o impacto, andei de costas e braços abertos em direção aos canos de fazia o papel de alambrado!. O atleta, que fez o arremesso, percebeu o ocorrido e no embalo do arremesso, continuou correndo e me segurou evitando que eu caísse. Os nobres colegas do CEMB (Colégio Estadual Murilo Braga) ficaram a rir em vez de me socorrerem! Um dos professores da equipe de Aracaju foi quem me deu assistência. Depois de constado que estava tudo bem, meu nariz tinha parado de sangrar, fui para o local onde estava a equipe de Futebol de Salão do CEMB.

Distribuindo as camisas

Quando da aproximação do final do jogo de Handebol, os professores começaram a distribuir as camisas para os atletas de futebol de salão e ao mesmo tempo iam falando as regras que seriam utilizadas durante a competição. Uma das poucas regras que escutei foi “os que estivessem jogando ruim seria substituído”.

No momento da distribuição um dos atletas aparece reclamando do tamanho da camisa (muito grande para o atleta). O menor atleta da equipe, de braços abertos e falando: Tonho você está de esculhambação?

Todo mundo rindo, inclusive ele. Prontamente, o professor Tonho, respondeu: Grilo, deixa de reclamação, essa é a menor camisa que encontrei, não tenho culpa. Era eles falando isso e todo mundo rindo. Do alto, ao lado da quadra, os alunos torcedores: “não aceita não Grilo, é marcação, pede pra trocar a camisa”. Isso a turma toda rindo do acontecido.

No decorre do jogo

Mesmo antes de se inciar o jogo era perceptível a popularidade do Atleta Grilo junto aos alunos torcedores e para surpresa geral dos presente (inclusive para mim) o mesmo estava jogando um bolão.

De vez em quando, um e outro aluno torcedor gritava dando enfase as jogadas do mesmo. Mas estranhamente, vindo dos professores que administravam o time, vei a ordem de substituição e justamente do Atleta Grilo!

O problema é que o mesmo em vez de sair da quadra, abriu os braços e de dentro da mesma, questionou: mas a substituição não era pra quem estivesse jogando ruim? Eu não vou sair não!

Enquanto o mesmo questionava, os alunos torcedores gritava: você tá certo Grilo, quem tá jogando melhor é você. Não saia não!. Já outros gritavam : Grilo! Grilo! Grilo!

Os professores paralisados com a surpresa da personalidade forte do pequeno atleta, uns olhavam para a diretora e outros discutiam com ele negociando a saída da quadra. Enquanto os professores negociava, alguém gritou, deixa ele aí e manda entrar o outro jogador e continua o jogo assim mesmo. Neste momento, alguém chuta a bola em direção ao centro da quadra, só que a bola passou muito perto de Grilo e ele segurou a bola. De posse da bola, foi para o centro da quadra e continuou dizendo que não sairia por que não foi o que ficou acertado (combinado). E a torcida: Grilo!Grilo!Grilo!

A diretora do colégio (Dona Maria Pereira) deu a ordem de continuarem o jogo sem substituir o pequeno atleta. E enquanto isso, os alunos torcedores: Grilo!Grilo!Grilo! Somente faltando alguns minutos é que o Grilo, por iniciativa própria, solicitou a substituição, deixando bem claro que estava siando por que estava cansado e os alunos torcedores: Grilo! Grilo! Grilo!

Antônio Carlos Vieira
Licenciatura Plena - Geografia (UFS)

Texto original : OS CEBOLEIROS

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