O que é uma fachiada?
É uma caçada noturna aos pássaros. A presa principal era a rolinha (Pomba de Arribação). Mas, se caçava qualquer pássaro ou mesmo pequenos animais.
INDUMENTÁRIA
A roupa : era comum se usar calaças compridas (devidos aos mosquitos) e se calçava calçados fechados (bota ou tênis).
A arma : tinha vários nomes, isso dependendo de qual região você se encontrava. Entre os nomes podemos citar: baleadeira, baldoque ou estilingue.
A munição: poderia ser pequenas pedras em forma arredondada e tinha alguns caçadores que faziam bolas de barros especialmente para essas caçadas. Para o transporte da munição era utilizado uma bolsa chamada “capanga” que era pendurada no ombro contrário que a mesma ficava.
Uma espécie de lamparina que geralmente era feita de material reciclado de lata (frande). Tinha um bico que era inserido um cordão de algodão, dentro de recipiente era colocado querosene (na época as pessoas chamavam o querosene de gás!!!)
AMBIENTE DO EPISÓDIO
O ambiente de fachiada eram chamado de pastos e eram separados das malhadas (roça) por cercas de arame farpado que eram muitos comuns nos povoados Batula e Lagamar (Itabaiana-SE). Muitas dessas cercas tinham plantadas, na parte que ficava embaixo dos arames, os famosos pés de Macambira e possuíam três fios de arame farpados amarrados entre uma estaca e outra. As cercas com pés de Macambiras eram comumente chamadas de “Valados”.
O CAUSO
Vou falar de uma fachiada especial e os participantes também pessoas especiais. Uma turma de garotos com idade de 11 a 13 anos de idade!!!
Entre esses garotos tinha um que era especial. Era filho de um dos moradores recém chegados de São Paulo. Embora fosse filho de nordestinos ( os pais eram de Itabaiana-SE), ele era paulista de nascimento e pelas colocações também era paulista de coração.
O sujeito vangloriava tudo que era de São Paulo, tendo como partida a depreciação das coisas do local que morava naquele momento!!!
Mas, esse paulista tinha uma característica que se sobressaia em relação as demais: a CORAGEM. Como era muito gabola (auto se vangloriava), era mais valente do que qualquer cangaceiro e de se fazer inveja a qualquer Lampião da vida.
Enquanto entrávamos no mato, o paulistano (que sempre ia a frente para demonstrar coragem) ficava contando história de assombração e coisa do gênero para assustar e criar medo nos demais componentes do grupo.
Nesses pastos do agreste é comum uma vegetação com mais ou menos três metros de altura (tinha muito Marmeleiro) com algumas árvores de maior porte (como a quixabeira).
Estávamos passando por debaixo de uma dessas quixabeiras, quando de repente, o paulistano saiu em disparada de dentro do mato. Teve um componente que ainda gritou: cuidado com o Valado!!!!!.
Não teve jeito, o sujeito (corajosíssimo) bateu de frente com uma certa de três fios de arame farpado. Um dos três fio acertou bem no meio da testa e um outro bem no meio do peito. Ficou com dois cortes.
Quando indagado o que ocorreu: escutei um barulho estranho, deve ter um bicho dentro daquela moita.
Eu e outro colega fomos observar (os dois mortos de medo) e era apenas um burro que tinha relinchado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário