Por Antônio Carlos Vieira
De tanto ficarmos escutando essas coisas dos adultos, acabamos ficando com medo até de coisas simples. Muitas dessas coisas que acaba nos assustando ocorrem por acidente e outras por armação de algum gozador.
Vou contar um caso simples: quando ainda era garoto (12 anos de idade) combinei com alguns colegas do colégio para irem estudar em casa no período da tarde. Pois bem, no período da tarde estavam lá cinco colegas para estudarmos, dois garoto, eu e mais quatro garotas.
Em um certo momento uma das garotas arregalou os olhos e ficou apontando para o filtro de água. Quando olhei percebi que o caneco que era de plástico (uma novidade naquela época) se locomovia, sozinho, de um lado para o outro.
Me levantei com um dos garotos e fui até o filtro e constatei que não era nada. Por coincidência, o filtro começo a vazar água, pela torneira, naquela tarde. As gotas d'água formaram um tapete em que o copo plástico, por ser leve, ficou flutuando e quando o vento passava empurrava o copo de um lado para o outro.
Mas, nem sempre as coisas que provocam algum susto nas pessoas são acontecimentos acidentais. Como eu morava no final de rua para a Zona Rural, era comum escutar conversas de coisas preparadas por pessoas que gostavam de pregar peças em outras pessoas.
Indo pela estrada que passava ao lado da minha casa em direção ao Povoado chamado Lagamar, em uma distância de mais ou menos um quilometro, tinha um riacho, . Ao lado desta estrada, tanto do lado direito quando do lado esquerdo, tinha um grande capinzal. Separando esse capinzal da estrada, uma cerca feita de estacas de madeira. Essas estacas de madeira quando começam ficar muito velhas, costumam apodrecer pelo miolo. Pois bem, uma destas estacas, que estavam apodrecendo, tinha o chamado nó da madeira, ou seja, o miolo podre da estaca acabou provocando vários buracos.
Só que algum esperto passou, no período inicial da noite, e acendeu uma vela dentro de uma dessa estaca cheia de buracos. O que ocorreu foi que as pessoas que ia da cidade para o povoado e vice versa, ao ver aquela luz de dentro da estaca, ficaram no alto da ladeira sem atravessar o riacho e tinham muitos deles (a maioria mulheres) de joelhos rezando, que o mundo ia se acabar e o satanás já tinha chegado a terra..
Isso até que um grupo de homens perderam o medo e resolveram ver do que se tratava. Foi que descobriram que era um armação e quem acabou pagando o fato foi o pai e a mãe de quem fez a brincadeira.
Mas esse caso é um caso simples que sempre acontecia quando eu ainda era garoto. Quando já era adolescente, ocorreu um caso bem mais interessante. As armações se modernizaram! Foi quando ocorreu o caso da CAVEIRA
Em um dia de quarta-feira, período de quaresma, onde a noite é muito escura, as pessoas retornando da cidade e as pessoas dos povoados indo em direção a cidade. Neste dia estava na casa de um colega no Povoado Serra (fica próximo a Serra de Itabaiana).
Quando do retorno, entre o povoado Serra e o Povoado bom Jardim, em um local que existia um riacho somente no período das de chuvas (comumente chamado de baixadas), tinha um bocado de gente rezando, e cruz credo pra lá e cruz credo pra cá, me apontaram para a baixada (local onde passava o Riacho).
Nesta baixada, por debaixo de uma quixabeira, vez em quando aparecia uma caveira com olhos, dentes e uma cabeleira vermelha, que voava de um lado para o outro. No lado oposto desta baixada, acontecia o mesmo que estava acontecendo onde eu estava, muita gente rezando e muita Ave Maria e muito Cruz Credo!
Só que as horas iam passando e ninguém tomava a providência para ver o que realmente era o que eles chamam de assombração.
Lá pelas onze horas da noite, foi que um grupo de homens armados de espingarda de cartucho (mais especificamente três homens) criaram coragem e foram de encontro da tal assombração, dizendo: pode ser assombração ou o diabo que estiver ali, mas dormir na estrada eu não durmo.
Quando se aproximaram, a caveira levantou voo mais uma vez, eles dispararam as espingardas e a tal caveira se apagou e sumiu. Eles se aproximaram lentamente para ver o que era realmente.
Viram o que realmente era: um sujeito pegou um desses cocos grandes, furou o local dos olhos, o que seria uma boca cheia de dentes pela parte lateral do coco e na parte de cima, fez uma abertura por onde colocou uma vela acessa. Depois o sujeito enrolou esse coco com um papel semitransparente vermelho, sendo que as partes dobradas ficaram na abertura por onde ele colocou a vela acessa. Amarrou o papel plástico com uma linha de nylon, jogou essa linha de nylon por sobre um dos galhos da quixabeira e depois amarrou a linha no pé da quixabeira.
Resultado, toda vez que dava um vento, os galhos da quixabeira balançavam, de um lado para o outro, esticava a linha de nylon, fazendo com que a caveira levantasse voo e se deslocasse de um lado para o outro, seguindo a direção do balanço dos galhos.
OBSERVAÇÃO:
Esse 'causo' foi contado no Programa Educar na Rádio Cultura online Brasil.
Esse texto foi publicado na REVISTA OMNIA ligada ao grupo ITABAIANA GRANDE
Replicado :
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