No último dia 21 de março, comemoramos o Dia Universal do Teatro, que homenageia uma das artes mais antigas da humanidade. A interpretação teatral está ligada às manifestações mais antigas do ser humano, que a usavam para rituais religiosos e ligados à mitologia. Os primeiros teatros no Brasil chegaram ainda quando do atracamento das primeiras caravelas da Coroa Portuguesa, momento em que a família real e os jesuítas passaram a usar o teatro como método de catequização cristã das populações indígenas que ocupavam e habitavam toda a América.
Tenho uma ligação muito próxima com o teatro de rua. Quando jovem, por meio do GRUPI, o Grupo Teatral Unidos pelo Ideal, fazíamos na cidade de Paulista/PE, onde morava, dramas, comédias e improvisações de toda ordem. Encenávamos, todo ano, a paixão de Cristo na Páscoa. Dançávamos muito também! E com o poder que só a arte carrega em si, encantávamos toda a cidade.
Nessa semana em que comemoramos esse dia do teatro, fico pensando no papel e importância das artes em geral no processo educacional. Como seria bonito se todas as escolas brasileiras pudessem oferecer aos estudantes um teatro para que os centros educacionais fossem um verdadeiro celeiro de artistas. E o teatro como espaço físico também atenderia as manifestações artísticas para a música e para a dança. Sem contar que a função das artes na educação é fundamental para o próprio processo de crescimento psicomotor das crianças e jovens.
Se esse é um projeto bonito para que todos nós nos empenhássemos para que ele realmente acontecesse, o sonho de uma escola em tempo integral que sempre defendemos, com possibilidades diversas para uma formação integral de nossas crianças, adolescentes e jovens, está cada vez mais distante. Desde que houve o golpe em 2016, quando as elites desse país tiraram uma presidenta honesta de seu posto de trabalho, as possibilidades de arte nos nossos sistemas de ensino serão cada vez mais raras.
O governo Temer aprovou, logo após o golpe na ex-presidenta Dilma Rousseff, ainda no ano de 2017, uma Reforma do Ensino Médio que obrigou, na sequência, a aprovação de uma nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para essa etapa de ensino. Hoje, as redes estaduais de ensino de todo o Brasil estão se vendo obrigadas a adequar as suas bases curriculares a essa nova BNCC. E essa nova proposta curricular para o ensino médio brasileiro transformou o ensino de Artes nas nossas escolas como uma disciplina ou área não obrigatória. O que veremos a partir de agora, temos certeza disso, é a instituição de um modelo de escola para ricos e outro para os pobres.
Os filhos de nossas elites, que continuarão a pagar mensalidades caríssimas em escolas de ponta, contarão certamente com todas as áreas de conhecimento a serem ofertadas, como Artes, Sociologia, Filosofia, etc. Aos filhos e filhas da classe trabalhadora, grande maioria empobrecida de nosso país, restarão as escolas sem essas opções, só com Matemática, Português e Ciências para cumprir tabela nos exames internacionais, como o PISA, que exigem somente a avaliação dessas três áreas de conhecimento.
A destruição das possibilidades de formação integral dos nossos estudantes impactará, ao menos, em toda uma geração. Até reconstruir tudo o que está sendo destruído no Brasil, custará tempo e empenho nossos quando, enfim, derrotarmos esse governo nas urnas. A derrota de Bolsonaro e de todo o seu projeto agora em outubro desse ano possibilitará o resgate de um modelo educacional que volte a oferecer o ideário de uma Escola de Ensino Médio de Tempo e Formação Integral. Esse modelo educacional retomará a importância das artes no processo educacional brasileiro. Fundamental será agora repararmos na importância que nosso voto terá na conformação desse novo projeto de educação para o país. E queremos uma educação com arte! Com todas as artes possíveis! Nossos estudantes merecem.
Texto original : BLOG DO MIRO
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