Sharon Peacock, chefe do programa de vigilância genética do Reino Unido Foto: Executive Director and Chair, COG-UK |
A crise do coronavírus se aprofunda com o surgimento de novas mutações do vírus, uma solução definitiva torna-se cada vez mais distante. O quadro mundial explicita ainda mais o caráter decadente e nocivo do sistema capitalista que não consegue encontrar solução para a doença que não seja deixar a população à mercê para salvar os capitalistas; é o que vemos também no Brasil.
A cientista Sharon Peacock, chefe do programa de vigilância genética do Reino Unido, afirmou, em entrevista à BBC, que a variante do novo coronavírus encontrada naquele país dominará a nação europeia e provavelmente “vai varrer o mundo”. A variante em questão, B.1.1.7, além de ter um alto poder de transmissão, superior ao vírus conhecido anteriormente, pode afetar as vacinas até aqui produzidas.
Para Paecock, que é diretora executiva e presidente do consórcio Covid-19 Genomics UK (um grupo de agências de saúde pública e instituições acadêmicas no Reino Unido criado em abril de 2020 para questões relacionadas à pandemia):
Oque é preocupante sobre isso é que a B.1.1.7., variante que temos circulando por algumas semanas e meses, está começando a sofrer alterações novamente e obter novas mutações que podem afetar a maneira como lidamos com o vírus em termos de imunidade e eficácia das vacinas”. e ainda acrescenta: “É preciso ser realista quanto ao fato de que essa mutação específica surgiu em nosso tipo de linhagem agora, pelo menos cinco vezes – cinco vezes diferentes. E isso vai continuar aparecendo.
Foram identificados 21 casos no Reino Unido dessa nova variante, encontrada já em cerca de 50 países. Essa mutação se relaciona a nova cepa encontrada também no Brasil. Segundo a cientista essas mutações continuaram ocorrendo.
Ainda segundo a cientista o controle total do vírus, para que não cause danos à saúde humana, ainda levará tempo, talvez uma década inteira:
Assim que controlarmos [o vírus] ou ele sofrer mutação para deixar de ser virulento – causando doenças – podemos parar de nos preocupar com isso. Mas acho que, olhando para o futuro, faremos isso por anos. Ainda faremos isso daqui a 10 anos, na minha opinião.
A pandemia já atingiu diretamente mais de 100 milhões de pessoas que foram infectadas em todo o mundo, destes mais de 2 milhões pereceram, em pouco mais de um ano de crise. Nesse período assistimos à completa incapacidade do capitalismo mundial de dar uma solução efetiva para a crise de proporções globais. Quase que imediatamente se revelou o conflito entre a saúde da população e as economias, ou seja, os lucros dos capitalistas. Nessa queda de braços a saúde da população saiu derrotada.
Nem mesmo foi tentado um esforço coletivo no sentido de conter a transmissão e de procurar alternativas de cura para os casos graves.
Os recursos dos Estados foram utilizados para salvar as economias e os capitalistas deixando o povo à míngua. As vacinas desenvolvidas foram, na sua maioria, vistas como meros produtos disputando um gigantesco mercado, o que coloca seríssimas dúvidas sobre sua eficácia, ou se é um golpe para ganhar muito dinheiro, vendendo uma solução que na verdade não soluciona nada. As novas mutações mostram que boa parte das vacinas produzidas pelos grandes laboratórios imperialistas não são uma solução definitiva.
A questão de fundo resulta no fracasso total do sistema capitalista no combate ao vírus, e não somente ao vírus, mas na organização da sociedade em geral, é o caráter reacionário do capitalismo e da burguesia. A propriedade privada dos meios de produção e a avidez irracional por acumulação de capital são os elementos que hoje impedem o desenvolvimento econômico e humano. A sociedade capitalista tornou-se estacionária e refém das poderosas intempéries das crises econômicas.
O interesse privado se sobrepõe ao interesse coletivo, no sentido de que submete-o a si, nada do que não seja lucrativo ao capitalista tem direito de existir, mesmo que seja anseio de milhões de seres humanos; o interesse de um único capitalista se impõe ao interesses de milhões de pessoas, potencial desenvolvimento econômico e humano fica limitado a propriedade privada, ao trabalho assalariado, a extração da mais valia, etc.
A fome, a guerra, a miséria, a violência enorme, as crises econômicas, o desemprego, a carestia, a falta de educação e cultura, tudo isso são sinais do colapso do sistema capitalista, que já não pode oferecer absolutamente nada de progressista. A pandemia é mais um exemplo importante do caráter moribundo; podre do capitalismo.
No limiar, a luta contra a pandemia e todas as mazelas acima citadas, tão características deste sistema, é a luta pelo socialismo, por uma sociedade superior, em que os meios de produção socializados trabalharão a serviço do bem comum, em que a incorporação , de maneira planejada, de bilhões de seres humanos hoje marginalizados, levará a um desenvolvimento econômico até hoje nunca visto e com todos esses recursos disponíveis a sociedade trabalhará para resolver conjuntamente e da maneira mais eficiente todas as questões que afligem o homem.
Texto original: DCO
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