A escola é o mais precioso espaço de cidadania que agrega a diversidade
humana movimentando conhecimentos, histórias e afetividades
Por Márcia Acioli
Tirinhas: Armandinho
Tirinha do Armandinho cedida por Alexandre Beck
O afeto não pode ser arrogante, o diálogo é uma das dimensões mais fundamentais do processo educativo.(Paulo Freire)
Em uma sociedade democrática
é de se esperar que a política de educação reflita seus princípios e
que as escolas dialoguem com os anseios da população a quem elas se
destinam. É o que vemos acontecer hoje?
Para Paulo Freire,
a educação é um exercício constante de reciprocidade. Aprender e
ensinar são atitudes inseparáveis que devem focar na superação das
opressões e na realização plena da nossa humanidade.
O caráter libertador, segundo Freire, se conquista a partir da
leitura do mundo e de uma interpretação crítica e sensível permanente da
vida, construção que se dá na interação entre os sujeitos e suas
realidades. Ele ainda mostra que a cultura e a ética são centrais no processo dinâmico que é a educação.
Em consonância com essa linha de pensamento, o educador e filósofo Anísio Teixeira,
trouxe uma importante contribuição para a educação brasileira,
defendendo ‘ensinar a viver com mais inteligência, mais tolerância e
mais felicidade’. Ele apostou na educação pública, universal e de
qualidade como lugar para o exercício do pensamento crítico e da
solidariedade e, para isso, a liberdade e a expressividade são condições
essenciais.
Ambos evidenciam que a escolha de uma diretriz pedagógica é uma
escolha política e que a educação desemboca na ação transformadora. A
educação humanista exige que se pense na sociedade em busca de se
contribuir para um mundo melhor, justo e solidário. Paulo Freire e
Anísio Teixeira acreditavam que o elo entre o sujeito e a sua realidade é
a essência da educação.
Escola: espaço de cidadania
Sendo a nossa democracia imperfeita e cada vez mais ameaçada e
fragilizada, as escolas públicas brasileiras também vivem sérias
contradições. Ainda estão mais ancoradas em estruturas conservadoras,
com brechas maiores ou menores para experiências diferenciadas. Muitas
estão mergulhadas em si, dialogando pouco com as respectivas
comunidades.
Ainda assim, a escola é o mais precioso espaço de cidadania que
agrega a diversidade humana movimentando conhecimentos, histórias e
afetividades. Trabalho digno e participação democrática são conquistas
que se dão a partir de construções processuais iniciadas na escola.
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Não é de hoje que se criou uma expectativa, propagada principalmente por instituições privadas,
sobre a educação como a possibilidade de ‘escalada para o sucesso’,
resultando em um campo de disputas mais do que uma construção coletiva
de um projeto comum. Nesse caso, o que interessa é o desenvolvimento de
habilidades e competências, como se pudessem ser isoladas da complexa
existência em sociedade. A educação elitista, em última instância, forma
para competir, para promover melhores performances em concursos e
vestibulares ou para uma colocação no mercado de trabalho.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) defende uma concepção mais ampla do direito à educação,
que vai além da formação técnica. No seu Art. 53 diz que “A criança e o
adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de
sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o
trabalho, assegurando-se-lhes: I – igualdade de condições para o acesso
e permanência na escola; II – direito de ser respeitado por seus
educadores; III – direito de contestar critérios avaliativos, podendo
recorrer às instâncias escolares superiores; IV – direito de organização
e participação em entidades estudantis; V – acesso à escola pública e
gratuita próxima de sua residência. Parágrafo único. É direito dos pais
ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar
da definição das propostas educacionais.
Do mesmo modo, o Art. 58 conclui que “No processo educacional
respeitar-se-ão os valores culturais, artísticos e históricos próprios
do contexto social da criança e do adolescente, garantindo-se a estes a
liberdade da criação e o acesso às fontes de cultura”.
Em resumo, o direito proclamado na Constituição brasileira, assim
como no ECA e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) é o direito
à educação de qualidade, calcada no respeito às culturas locais e à participação da comunidade na construção da escola pública.
Os riscos da educação domiciliar
A defesa injustificável pela educação domiciliar, proposta do atual
governo, restringe a experiência das crianças e priva-as do convívio com
outras. É na interação com as pessoas que se aprende a escutar, a
associar ideias, a criticar, a apreciar, a fazer escolhas, a discernir o
ético do não ético e, com isso, construir um pensamento autônomo.
O mais importante é conhecer pessoas e crescer com o exercício da
empatia. O risco de se criar sujeitos autocentrados e insensíveis ao
outro é grande.
A escola militarizada
é outro problema, pois traz na prática uma educação autoritária,
arbitrária que, com normas e ritos rígidos, contraria o direito à livre expressão e à participação asseguradas nas leis brasileiras. A censura às universidades públicas
e os cortes de verbas, com destaque para a pesquisa, ameaçam o
desenvolvimento da ciência e da criação de soluções para problemas
importantes do país em todas as áreas como saúde, tecnologia, meio
ambiente, questões sociais.
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A Emenda Constitucional do Teto de Gastos Públicos,
que congela por vinte anos os investimentos nas áreas sociais, aponta
para um péssimo cenário de precarização do que já não estava perfeito.
Além disso, o decreto 9.741, publicado em março deste ano em edição
extra do Diário Oficial da União, contingencia R$ 29,582 bilhões do
orçamento federal de 2019. A Educação perdeu R$ 5,839 bilhões, cerca de
25% do previsto.
Considerando o princípio da universalização do direito, é
inconcebível haver um ‘bom’ direito para poucos e um ‘precário’ para
muitos. Com estes cenários, escolas privadas destinadas a seletas
famílias terão acesso a boas estruturas com laboratórios, espaços para
teatro, esportes, boas metodologias e práticas pedagógicas inovadoras,
professores qualificados. Já as escolas públicas
terão que sobreviver à custa do sangue e suor dos trabalhadores e
trabalhadoras da educação com salários baixos e péssimas condições para o
exercício da profissão. Sem fôlego e sem recursos, a tendência óbvia é a
educação pública definhar.
Por Márcia Acioli, assessora política do Inesc
Texto original: CARTA EDUCAÇÃO
Educação dum povo, é a base duma Nação!
ResponderExcluiramei a tirinhaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
ResponderExcluirpena que não existam tantas tirinhas para eu publicar e tem o problema que nunca consigo fazer uma que preste !
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