sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Marina abre o jogo e diz a que veio

Não contente de ser guindada à candidata da direita brasileira, Marina assume também a representação do capital financeiro internacional e da agenda dos EUA.

por Emir Sader em 29/08/2014 às 11:34

As políticas externa e interna estão estreitamente associadas. Uma define o lugar do país no mundo, a outra, a relação com as forças internas.

A política externa de subordinação absoluta aos EUA da parte do governo FHC se correspondia estreitamente com o modelo neoliberal no plano interno. A política externa soberana do governo Lula se relaciona indissoluvelmente com o modelo interno de expansão economica com distribuição de renda e ampliação do mercado interno de consumo popular.

Significativo o silêncio dos candidatos da oposição sobre política exterior, do Mercosul aos Brics, passando por Unasul, Celac, Banco do Sul, Conselho Sulamericano de Defesa. De repente, talvez revelando excessiva confiança nas pesquisas, a Marina lança os primeiros itens do seu programa, incluindo política externa e seus desdobramentos.

Lança a ideia de baixar o perfil do Mercosul, velho sonho acalentado pelos entreguistas locais e pelos governos dos EUA.

Como contrapartida, o programa dos marinecos destaca a importância que daria a acordos bilaterais. Ninguem tem dúvida de que ela se refere primordialmente a algum tipo de Tratado bilateral com os EUA, projeto do governo FHC que foi sepultado pelo governo Lula.

Pode-se imaginar as projeções dessa postura proposta pela Marina para outros temas, como Unasul, Celac e Brics. Significaria estender esse perfil baixo para essas outras instituições justamente no momento em que os Brics fundaram novas instituições, que projetam um mundo multipolar, e o Mercosul e Unasul retomam uma dinâmica de fortalecimento.

É tudo o que os EUA gostariam: deslocar o Brasil, país chaves nessas novas configurações de força no plano internacional, para voltar a ser um aliado subalterno deles e porta voz das suas posições, hoje tão isoladas. Dar golpes mortais no Mersosul e na Unsaul, enfraquecer as posições dos Brics.

A equipe de direção do programa da Marina é inquestionavelmente neoliberal: Andre Lara Resende, Neca Setubal, Eduardo Gianetti da Fonseca, Neca Setubal. A independência (do governo e dos interesses públicos) do Banco Central (e sua subordinação aos bancos privados) desenha uma política interna em consonância com acordos bilaterais com os EUA, em que entre o pré-sal como espaço de uma nova aliança subordinada com o império dos EUA.

Não contente de ser guindada à candidata da direita brasileira, Marina assume também a representação do capital financeiro internacional e do império norteamericano. Mostra a que veio.

Texto original: CARTA MAIOR

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Marina: candidata a Deusa!

Marina afirma que paira acima de todas as contradições existentes na sociedade brasileira. Se vencedora para o cargo de Deusa, governará com todos e todas

José Augusto Valente

O debate de ontem (26/8), na TV Bandeirantes, mostrou o “upgrade” da visão messiânica que Marina Silva tem de si mesma. Ela não é mais candidata a presidenta, mas candidata a Deusa!

Essa é a tal da “terceira via” da zelota Marina da Silva!

Em primeiro lugar, Marina afirma que paira acima de todas as contradições existentes na sociedade brasileira. A disputa política e ideológica entre a esquerda e a centro-direita só existe na cabeça de uns radicais. Na dela, está tudo muito bem organizado. Existe o bem e o mal, os bons e os maus.

Com isso, ela quer dizer que essa coisa de partido político não serve para nada. Se vencedora para o cargo de Deusa, governará com todos e todas do bem. Ela afirma querer contribuir para apartar a sociedade e que essa polarização esquerda x direita, PT x PSDB, tem que acabar, pois não serve ao país!

Ela quer unir todo mundo, quer ser a Deusa de todos e todas. Em seu governo tanto Serra, quanto Suplicy, e quem sabe o pastor Everaldo, terão vez. O “marinismo” superará qualquer luta de classes, qualquer conflito de interesses.

Em outubro de 2013, durante entrevista ao programa "É Notícia", da RedeTV, a deputada do PSB Luiza Erundina - atual coordenadora da campanha de Marina -, explicitou o que vimos no debate de ontem, sem meias palavras.

Disse ela que Marina "entra no senso comum da sociedade, do ponto de vista de negar a política, negar os partidos" e que ao negar a política e os partidos, Marina "desorganiza, deseduca politicamente". (clique aqui para ver o vídeo)

O Congresso Nacional, que será eleito agora, terá que se adaptar à nova realidade marinista. Não haverá negociações – o que ela chama de “toma lá, dá cá’”.

O que está por trás dessa idéia é que as pessoas não precisam saber das propostas concretas dela. Bastarão algumas ideias gerais, tipo “blá-blá-blá”.

Como Deusa, que será, bastará que todos tenham fé nela e tudo será resolvido!

Alguém perguntará: como ela conseguirá conciliar a reforma agrária radical que o MST deseja com a reforma agrária nenhuma pela qual luta a bancada ruralista? Ou a privatização radical do Pastor Everaldo com a estatização completa que quer a Luciana? Ou ainda a Petrobrás brasileira e soberana da Dilma com a Petrobrax estrangeira de Aécio? Todos eles representam interesses presentes na nossa sociedade e os avanços se dão à custa de se fazer muita política. A menos que ela tenha alguma fórmula mágica.

Pelo que vi ontem, ela acredita que sendo eleita Deusa, tudo é possível!

Texto original: CARTA MAIOR

terça-feira, 26 de agosto de 2014

A COPA, OS CRÍTICOS E OS INCOMPETENTES

Passado o período da realização da Copa do Mundo de Futebol, no Brasil, é bom lembrar os fatos estranhos durante criação e efetivação do evento.

Durante os dois anos que antecederam o evento era comum se ouvir na grande maioria dos meios de comunicação informações que todos os estádios, aeroportos e obras de infraestrutura estavam atrasados e que a copa seria um caos. Claro que esses meios de comunicação estavam na realidade fazendo campanha negativa contra o Governo Federal e hoje se descobre que as informações eram na realidade opiniões!

O mais grave disso tudo é que toda a imprensa afunilava todas as informações para se colocar a culpa, de um suposto fracasso, no governo federal, só que a construção do evento não era e nem foi de total responsabilidade somente do Governo Federal. Outros agentes participaram ativamente da construção e realização do evento, tais como: o governo dos doze Estados e prefeituras onde foram construídos os Estádios de Futebol (nas cidades que foram sede de grupos), empresas de viagens, empresas de turismo, Hotéis, restaurantes, responsáveis pela segurança (dentro de fora do campo), pessoal da saúde, etc.

As distorções dos fatos eram grandes, esconderam que do evento participaram prefeitos e governadores de vários partidos. Vou citar os dois governadores mais importantes, que foram: Aécio Neves - PSDB que assinou juntamente com o prefeito de Belo Horizonte - MG e Eduardo Campos - PSB (hoje falecido) juntamente com o prefeito de Recife - PE. Eles foram responsáveis pela reforma e construção dos estádios e as estruturas fundamentais para a realização dos eventos nessas duas cidades sedes.

Quando os meios de comunicação ficaram informando opinião negativa, sobre o evento, estavam na realidade chamando todo esse pessoal envolvido de incompetentes e que não teriam condições de realizar um evento desse porte!

Vários jornalistas de vários meios de comunicação fizeram essa parte negativa, mas os da Rede Globo foram os que mais se sobressaíram neste quesito. Programa como o do Faustão, Jornal O Globo (Arnaldo Jabor era o grande expoente). Willer Walker e Willer Bonner só falavam dos atrasos nas reformas dos aeroportos e construção dos estádios. Por estranho que pareça, não vejo as pessoas criticarem esses meios de comunicação, dão um grande valor e usam as opiniões, dadas por eles, como se fossem informações!

Vídeo em que uma jornalista, pertencente a Rede Globo, demonstra total desinformação e complexo de vira lata. Ela apostava que seria um fracasso!!



Vídeo com Arnaldo Jabort negativando o Brasil e dizendo que a Copa do Mundo no Brasil seria um tremendo fracasso e iria nos envergonhar internacionalmente



Passado o evento da Copa, justificam que o pessimismo foi da imprensa estrangeira! Agora todos os comentários passaram a ser sobre economia e mais uma vez as informações (ou opiniões) são negativas! Igualmente as opiniões em relação à copa, essas opiniões são repetidas em todos os meios de comunicação sem a devida oportunidade de opinião divergente. Todos cantando na mesma toada: a economia brasileira, igualmente a copa, está a beira do caos! 

Veja o que diz Bob Fernandes da imprensa em relação a copa:

Muitas justificativas para comprovarem o caos e uma delas e a fuga do capital estrangeiro (só que os investimentos continuam altos). Falam que os jornais estrangeiros (usam o New York Time como referência) dão opinião negativa em relação ao Brasil e estranhamente as pessoas que mais solicitam vistos de permanência no Brasil são de nacionalidade americana (EUA). Criticam e criam o caos na economia e escondem como está a economia em outros países. Se aqui está esse caos, em relação a outros países, como explicam pessoas dos ditos países do chamado primeiro mundo, quererem vim morar no Brasil? Esses jornalistas tomam como exemplo justamente esses países, do chamado primeiro mundo, para demonstrar o caos no Brasil!

Texto relacionado:
POR QUE A CLASSE MÉDIA ODÊIA O BRASIL

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Dilma livrou-se bem das joelhadas nas costas e das mordidas do JN

De todos os candidatos que participaram, até o momento, das entrevistas do Jornal Nacional, da Rede Globo, Dilma conseguiu realizar duas façanhas.

Antonio Lassance

De todos os candidatos que participaram, até o momento, das entrevistas do Jornal Nacional, da Rede Globo, Dilma conseguiu realizar duas façanhas em que os outros falharam: conduziu o debate e dele saiu sem levar para casa qualquer acusação de ter se valido do cargo para beneficiar a si própria ou para ajudar qualquer parente.

Aécio teve que gastar um bom tempo de sua entrevista falando sobre o aeroporto nas terras que eram de seu tio.

Campos abaixou a cabeça com as perguntas sobre a lista de parentes indicados para cargos importantes.

Com Dilma, William Bonner chegou a mendigar: "nós precisamos falar de economia, hein?", falou com olhos de Gato de Botas do Shrek para suplicar que a candidata mudasse de assunto no meio da resposta sobre saúde.

A candidata saiu-se bem ao repetir os mantras que já viraram bons carimbos contra os adversários, como o do "engavetador geral da República" e o do "enfrentamos a crise sem gerar desemprego e arrocho salarial".

Mas Dilma poderia ter se saído melhor na pergunta sobre o mensalão.

Presidente da República pode e deve eximir-se de criticar o Judiciário, mas deve externar claramente qual é sua noção de justiça e, principalmente, o que entende por isonomia.

O mantra do “[eu] respeito a decisão do Supremo” deveria vir acompanhado de um desejo sincero de que o mesmo rigor usado no processo da AP 470 tivesse sido empregado em outros casos, independentemente do partido.

Como candidata, poderia ajudar a esclarecer a opinião pública quanto ao fato de que boa parte da birra do PT com esse julgamento é a de que ele foi um ponto fora da curva.

Estão aí o mensalão do PSDB e o do DEM para comprovar. Essas denúncias ficam por aí, pulando de galho em galho e esperando alguém para, finalmente, quebrar um galhão e esconder tudo no fundo de um a gaveta - como vinha acontecendo no caso do metrô de São Paulo, descaradamente, a ponto de irritar a Justiça da Suíça que investigou o assunto e evidenciou crimes.

Confrontado com o mensalão do PSDB, Aécio usou, com um sorriso no rosto, a falta de condenação a Azeredo, Pimenta da Veiga e Cia Ltda como se isso fosse atestado de bons antecedentes.

O candidato do PSDB transformou impunidade em salvo-conduto. Isso pode?
Se a ideia de Dilma é repetir o que ela mesma já disse sobre o assunto, ainda falta uma frase: a de que a AP 470 não pode entrar para a história como um julgamento que teve "dois pesos e umas 19 medidas".

Créditos da foto: Ichiro Guerra/Dilma13

Texto original : CARTA MAIOR

sábado, 9 de agosto de 2014

O EX-PRESIDENTO DOUTOR MULA II

Recebendo o título de Doutor  Honorius Causa 
pela Universidade de Coimbra - Portugal

Quando deixou o governo, o ex -presidente Lula passou a apresentar palestras, entre as empresas  estava Microsoft, embora não tenha cursado nenhum curso universitário o ex-presidente, depois de deixar o governo, recebeu até a presente data (09-08-2011), vários títulos.

Nas redes sociais,  entre os opositores, é comum encontramos pessoas dizendo que o ex-presidente Lula  só fala baboseiras, que é cachaceiros, não entende de nada e outros adjetivos. Será que essas pessoas são as mais inteligentes do mundo ou todas as empresas e instituições listadas a seguir só tem pessoas ignorantes e analfabetas?


TÍTULOS RECEBIDOS PELO EX-PRESIDENTE LULA:

  GRÃO CRUZ

  • Grã-Cruz das Ordem do Mérito Militar, Ordem do Mérito Naval e Ordem do Mérito Aeronáutico, perpetuamente. Como Grão-Mestre destas ordens militares, automaticamente é condecorado com a Grã-Cruz;
  • Grão-Colar da Ordem do Cruzeiro do Sul e da Ordem do Rio Branco. 
  • Como Grão-Mestre destas ordens, automaticamente é condecorado com o mais alto grau das mesmas, de forma perpétua
  • Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito. Como grão-mestre desta ordem, é automaticamente condecorado com o mais alto grau da mesma, de forma perpétua;
  • Grã-Cruz da Ordem do Mérito Judiciário Militar;
  • Grã-Cruz da Ordem da Águia Asteca (México)
  • Grã-Cruz da Ordem Amílcar Cabral (Cabo Verde
  • Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada (Portugal);
  • Grã-Cruz da Ordem da Estrela Equatorial (Gabão);
  • Grã-Cruz de Cavaleiro da Ordem do Banho Reino Unido 
  • Grã-Cruz da Ordem de Omar Torrijos (Panamá);
  • Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito (Argélia);
  • Grande-Colar da Ordem da Liberdade (Portugal);
  • Grã-Cruz da Ordem de Boyacá (Colômbia);
  • Grão-Colar da Ordem Marechal Francisco Solano López (Paraguai);
  • BGrão-Colar da Ordem da Inconfidência (Minas Gerais);
  • Grã-Cruz da Ordem do Mérito Aperipê (Sergipe);
  • Grã-Cruz com diamantes da Ordem do Sol do Peru (Peru);
  MEDALHAS
  • Medalha do Mérito Marechal Floriano Peixoto (Alagoas);
  • Medalha do Mérito 25 de Janeiro, de São Paulo;
  • Medalha do Mérito Industrial do Brasil (Associação Brasileira de Indústria e Comércio);
  PRÊMIOS
  • Prêmio Príncipe de Astúrias (Espanha); 
  • Prêmio Amigo do Livro, da Câmara Brasileira do Livro;
  • Prêmio Internacional Don Quixote de la Mancha (Espanha); 
  • Medalha de Ouro "Aliança Internacional Contra a Fome", do Fundo das Nações Unidas contra a Fome;25
  • Prêmio pela paz Félix Houphouët-Boigny da UNESCO, 2008;26
  • Estadista Global entregue pelo Fórum Econômico Mundial em sua edição 2010, ocorrida em Davos – Suíça; 
  • Prêmio L 'homme de l 'année (Homem do Ano), entregue pelo jornal Le Monde (França), edição 2009;
  • Prêmio Personalidade do Ano de 2009, entregue pelo jornal El País (Espanha);
  • Prêmio Mikhail Gorbachev
  • Prêmio Chatham House 2009 do Reino Unido pela a atuação de Lula na América Latina;
  • "Brasileiro da Década" pela revista Isto é (2010).
  • Prêmio Norte-Sul do Conselho da Europa
  • XXIV Prêmio Internacional Catalunha pelas políticas sociais e econômicas em seu mandato de Presidente do Brasil.35
  • Ordem Nacional da República Benin, a mais alta condecoração beninense, na cidade de Cotonou.
  DOUTOR HONORIS CAUSA
  • Universidade Federal de Viçosa, pela Universidade de Coimbra (Portugal), 
  • Universidade Federal de Pernambuco, 
  • Universidade Federal Rural de Pernambuco,
  • Universidade de Pernambuco, 
  • Universidade Federal Fluminense, 
  • Universidade Estadual do Rio de Janeiro, 
  • Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, 
  • Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Universidade Federal da Bahia (UFBA), 
  • Politécnica de Lausanne (Suíça) ,
  • Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) , 
  • Sciences-Po (Institut d'Etudes Politiques de Paris)
  • Universidade Federal do ABC . 
Ex-presidente Lula ganha Estátua de Bronze), ao lado
da Casa Branca, em Wasington (EUA.

 OBSERVAÇÃO:

Embora outras universidades nacionais e internacionais tenham feito diversos convites para que o então presidente recebesse a honraria, Lula recusou todos os títulos honoris causa enquanto ocupou a cadeira de chefe do estado brasileiro, passando a aceita-los apenas após deixar o cargo.

Ex-presidente Lula é homenageado com Estátua em Wasington (EUA)
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quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Os 6 motivos pelos quais o Brasil também é culpado pelo massacre em Gaza

O governo brasileiro manifesta sua solidariedade ao povo palestino ao redor do mundo; no entanto, mantém amplas relações com Israel.

Thiago Ávila


Com mais de uma semana do início dos ataques de Israel ao povo palestino e com ameaças reais de uma escalada da agressão para os países vizinhos, vemos aumentar o número de pessoas em nosso país lamentando à distância este conflito com profundas raízes históricas.

Grande parte dessas lamentações são acompanhadas de um grande sentimento de impotência, como se não tivéssemos qualquer relação ou poder de influenciar o que acontece na Faixa de Gaza, na Cisjordânia e nos territórios palestinos já tomados por Israel.

Não é verdade. Nós temos, sim, parte da responsabilidade, assim como temos real possibilidade de influenciar nos rumos da história daqueles povos. Eis o porquê:

1. Desde a década de 1990 o motor da economia do estado sionista de Israel é o complexo industrial militar (indústria de armas). Como bem retratado por Naomi Klein, jornalista reconhecida internacionalmente, em seu livro “A Doutrina do Choque – A ascensão do capitalismo de desastre”, 70% da produção de armas israelenses são destinadas à exportação. Segundo a autora, Israel se coloca hoje no mundo como "uma espécie de shopping center de tecnologias de segurança nacional", utilizando de suas próprias guerras para demonstrar a eficácia de seus produtos "testados em campo".

Para compreender isto basta lembrar a guerra de 2006, na qual Israel não apenas massacrou o povo palestino, mas também invadiu o Líbano (sendo derrotado pelo Hezbollah ao sul do rio Litani) e, apesar da derrota militar, a economia israelense cresceu significativamente (8%). A guerra realmente é um grande negócio para Israel e para a economia capitalista. O Brasil, que ocupa militarmente o Haiti (e lá comete grandes atrocidades) e que consome armas dos países que violam os direitos humanos ao redor do mundo, não é inocente nesta história.

2. O governo brasileiro faz propaganda ao redor do mundo manifestando sua solidariedade ao povo palestino; no entanto, mantém amplas relações com Israel.

Se alguns países expulsaram embaixadores e realizam boicotes ao estado sionista após a guerra de 2006, onde Israel utilizou armas proibidas pela ONU como o "fósforo branco", o Brasil fez exatamente o contrário: intermediou e assinou um Acordo de Livre Comércio entre Israel e o Mercosul, aumentando nossa cumplicidade com os crimes de lesa-humanidade cometidos por este país.

Enquanto os refugiados palestinos aqui no país (utilizados como moeda de troca pela diplomacia brasileira) são tratados com inegável descaso, o Brasil fortalece a cada dia acordos comerciais e militares com o Estado sionista. Para os palestinos uma solidariedade institucional baseada em vazios discursos de presidentes e assistencialismo panfletário enquanto, para Israel, acordos comerciais e militares significativos e a compra de equipamentos de guerra testados no povo palestino.

De que lado o Brasil está?

3. Entre todas as aquisições brasileiras da indústria bélica israelense, uma ocupa lugar de destaque: um drone (veículo aéreo não-tripulado) de R$ 18 milhões fabricado pela Elbit Systems. É importante ressaltar que não se trata de qualquer empresa. A fabricante do drone é uma das 12 empresas que participaram da construção do Muro da Vergonha, que mantém a população da Faixa de Gaza em uma prisão sem teto e caracteriza um dos maiores crimes de lesa-humanidade de nossos tempos.

A compra do equipamento não foi um incidente excepcional, pois recentemente a mesma empresa ganhou dois contratos milionários com o Exército Brasileiro através de sua subsidiária, a Ares Aeroespacial. A participação desta empresa na construção do Muro da Vergonha não é um fato desconhecido pelo governo brasileiro, pois esta informação consta no próprio portfólio de apresentação e em todos os relatórios de investidores da empresa. O que são poucas declarações de solidariedade ao povo palestino perto disso?

4. O Governo do Estado do Rio de Janeiro também ocupa posição de destaque, tendo comprado de Israel oito caveirões blindados, usados pelo Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) em suas operações nas favelas cariocas. Isto significa que, além de promover o extermínio da juventude pobre e negra em nosso país, o governo do Rio de Janeiro também fornece recursos para que Israel possa aumentar as agressões aos palestinos.

O Estado de São Paulo também não sai ileso, tendo comprado óculos com microcâmeras para coleta de vídeos em tempo real nas ações de repressão às manifestações populares, principalmente neste período que antecedeu a Copa do Mundo. Além do governo brasileiro, das empreiteiras, da FIFA e dos patrocinadores oficiais, o "negócio da guerra" também deve ser colocado como um dos poucos beneficiados por este megaevento e este "modelo de desenvolvimento" que causa crises sociais de grandes proporções aqui e no resto do mundo. Os governos hoje se gabam do grande legado de segurança pública que esta Copa nos deixou. Mas a que custo?

5. Parte da estratégia em todo genocídio é invisibilizar a população agredida; portanto, o lobby israelense faz de tudo para impedir que qualquer notícia que traga comoção internacional e solidariedade ao povo palestino seja veiculada na grande imprensa.

Basta assistir a uma notícia do Jornal Nacional para entender: "Israel responde aos mísseis atirados por terroristas do Hamas", ou "Tel-Aviv vive momentos de pânico com mais um alerta de míssil e interrompe uma cerimônia de casamento". Quase nada se fala das centenas de mortos e milhares de feridos palestinos. Os grandes veículos de comunicação brasileiros são coniventes com o massacre e as mídias alternativas são o único local de difusão destas tristes imagens que o mundo, infelizmente, precisa conhecer para que parem de acontecer cotidianamente.

Lembrem-se sempre que a Guerra do Vietnã só foi interrompida após a opinião pública ver tantas imagens fortes a ponto de se voltar contra os Estados Unidos exigindo o fim da guerra. Depois de lá, a grande imprensa nunca mais cobriu uma guerra mostrando seu lado mais triste e mais brutal. É sempre uma cobertura que ressalta a tecnologia, as declarações de chefes de Estado, ou até escombros à distância.

Pense nisso cada vez que você censurar um amigo nas redes sociais por postar fotos duras de cadáveres ou feridos adultos e crianças. O que, para você, é uma imagem feia e triste, para muitas pessoas pode ser também o alerta que as faça reconhecer uma situação grave de violação e agir em prol da paz com justiça social ao redor do mundo.

6. Diante da incapacidade da ONU e da comunidade internacional em frear as agressões israelenses, cidadãos e nações do mundo estão respondendo ao chamado do povo palestino feito em 2005 pedindo o boicote a Israel. E este boicote, que envolve o não-consumo, desinvestimento e sanções está surtindo efeitos, com grandes fundos de pensão europeus anunciando o desinvestimento em Israel e cada vez mais pessoas ao redor do mundo se somando a esta iniciativa.

Para quem acredita que esta ferramenta não é capaz de realizar mudanças, basta lembrar o caso da África do Sul, onde o boicote mundial, aliado à intensa mobilização interna e diversas ações internacionalistas neste país e em países vizinhos, foi fundamental para a queda formal do apartheid. Assim como no passado, hoje temos uma possibilidade real de frear o sionismo israelense.

É dever de toda e qualquer pessoa que deseja a paz para o povo palestino se integrar ao boicote multitemático a este país (econômico, cultural, esportivo) e, principalmente, exigir dos governos de seus países o fim de todos os acordos militares e comerciais com Israel. Nós, brasileiros e brasileiras que lutamos tão arduamente contra as violações em nosso país, não podemos nos calar diante do massacre ao povo palestino, sob pena de não apenas carregarmos o fardo de termos hesitado em um momento onde tínhamos a real possibilidade de promover a paz, mas também sabermos que fomos cúmplices de toda esta matança ao povo palestino que entrará para a história como um dos mais tristes momentos de nossa breve passagem pela Terra.

Não é deste lado da história que queremos estar.
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Thiago Ávila é consultor internacional e membro do Comitê Popular da Copa do Distrito Federal.

Créditos da foto: Carlos Latuff

Texto original:CARTA MAIOR


segunda-feira, 4 de agosto de 2014

As 5 estratégias dos ricos para sonegar impostos

Conheça as cinco estratégias favoritas dos mais ricos para sonegar impostos

A multa de mais de US$ 2,5 bilhões imposta ao banco Credit Suisse, acusado de ajudar milionários americanos a sonegar impostos, evidenciou uma trama complexa que envolvia advogados, banqueiros, contadores e contas secretas.

Empresários, esportistas, artistas endinheirados e funcionários do mercado financeiro estão entre as pessoas que pertencem a uma “elite” frequentemente acusada de não cumprir suas obrigações com o Fisco de seus respectivos países.

Estima-se que a evasão fiscal movimente um montante cinco vezes maior que a economia global, com impactos sobre a desigualdade social.


Um relatório calcula que as 91 mil pessoas mais ricas do planeta controlem um terço da riqueza mundial (e respondam pela metade dos depósitos em paraísos fiscais). Um total de 8,4 milhões de pessoas (0,14% da população mundial) concentra 51% da riqueza.

A evasão fiscal ajuda a aprofundar esse abismo.

Conheça as cinco formas comumente escolhidas por milionários para pagar menos:

1 – Subdeclarar impostos

O primeiro passo costuma ser declarar menos rendimentos do que os realmente obtidos.

Patrick Stevens, diretor de política fiscal do Chartered Institute of Taxation, órgão britânico que prepara funcionários da Receita do país, diz que isso ocorre em duas etapas.

“De um lado, a pessoa declara menos do que ganha. De outro, esconde a diferença, para que não seja encontrada pelo Fisco”, disse à BBC Mundo.

E isso depende de uma rede profissional que, segundo críticos como James Henry, da Universidade de Colúmbia, virou parte estrutural do atual sistema financeiro.

“É uma indústria dedicada à evasão fiscal e à potencialização de ganhos financeiros”, acusa.

2 – Registrar empresas em paraísos fiscais

No estudo The Price of Offshore Revisited (O preço dos paraísos fiscais, em tradução livre), James Henry calcula que haja ao menos US$ 21 trilhões nos chamados paraísos fiscais, soma próxima aos PIBs de Estados Unidos e Japão (a primeira e a terceira economias globais).

Um dos paraísos favoritos são as Ilhas Cayman, que têm 85 mil empresas registradas – mais do que o total de habitantes.

As Bahamas, por sua vez, têm 330 mil habitantes e 113 mil empresas – uma para cada três pessoas.

Nessas ilhas, poucas perguntas são feitas para quem quer abrir empresas.

“Um milionário dos Estados Unidos monta o que chamamos de empresa fantasma em um paraíso fiscal e a usa para fazer transações com preços falsos para transmitir dinheiro para lá, onde não pagará impostos”, diz Henry.
O presidente americano, Barack Obama, costuma citar em seus discursos o caso do edifício Ugland, sede de 18 mil empresas nas Ilhas Cayman.

E Obama nem precisava ir tão longe. O Estado de Delaware, no nordeste dos Estados Unidos, tem 917 mil habitantes e 945 mil companhias registradas.

O mecanismo se tornou um clássico da evasão. O site de análise financeira em espanhol Fútbol Finanzas publicou recentemente uma lista de jogadores que usaram técnicas parecidas nos últimos 20 anos.

Desde o craque argentino Lionel Messi até lendas do esporte, como o brasileiro Roberto Carlos, o português Luis Figo e o búlgaro Hristo Stoichkov estavam na lista.

3 – Usar “laranjas”

Uma maneira de esconder rastros é nomear um “laranja” que atue como proprietário do ativo ou da empresa.

“Se pode nomear um testa de ferro por razões legítimas, por exemplo, para não atrair publicidade sobre o investimento em questão, no caso de uma pessoa pública. Desde que as autoridades sejam informadas, não há ‘evasão’. O problema começa quando não se informa, porque o que se está fazendo é pagar impostos por uma massa menor de dinheiro”, afirma Stevens.

Não é necessário para esse propósito que a companhia e o “laranja” operem em um paraíso fiscal. Ambos podem atuar no mesmo país onde o multimilionário em questão paga seus impostos.

Uma variante dessa situação é o Trust, um antigo instrumento legal inglês no qual o dono de um bem cede seu controle para uma pessoa que o administra em benefício de um terceiro.

“Os beneficiários dessa cessão podem se multiplicar ao infinito. Pode ser a mulher, os filhos, tios, primos, etc. Pelas regras de pagamento de impostos nos Estados Unidos, esses representantes podem enviar do exterior parte desse dinheiro sem pagar impostos”, disse Henry.

Isso facilita o movimento de grandes massas de dinheiro – seja usando uma complexa rede de Trust, empresas fantasmas ou “laranjas”, o principal objetivo do sonegador é um só: apagar seu rastro.

4 – Estabelecer residência em outro país

Os países com baixos impostos são os favoritos de músicos, artistas e esportistas. Nos anos 1970, Mick Jagger se mudou para a França e depois para os Estados Unidos para fugir dos impostos de seu país natal.

Em dezembro de 2012 o ator francês Gerard Depardieu renunciou à sua cidadania francesa em protesto contra os altos impostos propostos pelo governo de Francois Hollande. Ele se mudou para a Bélgica e obteve um passaporte russo, onde há um imposto único de 13%.

“Uma pessoa pode escolher o país que queira para viver. É seu direito se mudar para um país para pagar menos impostos. O que é ilegal é dizer que vive em um país para pagar menos impostos quando na realidade vive em outro com uma carga de impostos mais alta, disse Stevens.

Foi o que aconteceu com o tenista alemão Boris Becker. Ele declarou a autoridades alemãs que viveu em Mônaco entre 1991 e 1993, quando realmente estava em Munique. Ele acabou tendo que pagar uma dívida de US$ 3 milhões.

5 – Aproveitar brechas legais

A rede de assessores e especialistas que rodeiam os milionários é especialista em encontrar brechas legas dos sistemas de impostos.

Em muitos casos não se trata de evasão fiscal, mas de supressão fiscal, um mecanismo perfeitamente legal: todos temos direito de pagar menos impostos, desde que o façamos dentro da lei.

As isenções de impostos que os governos colocam em prática para estimular a economia e as doações a organizações de caridade frequentemente oferecem grande oportunidades.

Neste mês, um juiz britânico considerou que o cantor Gary Barlow, dono de fortuna estimada em US$ 80 milhões, havia investido em 51 sociedades financeiras criadas exclusivamente para pagar menos impostos.

Organizações de caridade também costumam servir para evasão fiscal. “Nos Estados Unidos, houve um boom de fundações privadas que permitem deduções de impostos. Alguém sabe o que elas fazem? Ninguém as audita”, argumenta Henry.
O futuro

Os problemas fiscais enfrentados por todos os países desenvolvidos e a fragilidade do sistema financeiro internacional têm colocado a evasão fiscal na mira do público e no centro de um debate global.

A multa ao Credit Suisse foi apresentada como um grande trunfo do Fisco americano e como um suposto fim da era de segredo bancário na Suíça – um dos pilares desse sistema.

Mas, para Henry, o acordo é na verdade um grande trunfo para o banco.

“O Credit Suisse não foi obrigado a revelar o nome de nenhum dos sonegadores. O segredo bancário permaneceu.

Ninguém da atual diretoria teve de renunciar, e eles não perderam a licença para operar nos Estados Unidos. Seu valor em bolsa subiu. O negócio segue intacto.”


TEXTO ORIGINAL NESTE ENDEREÇO:

domingo, 3 de agosto de 2014

POR QUE OS EUA PERDEM


(Jornal do Brasil) - O Brasil e os Estados Unidos, cada um por suas razões, acabam de retirar seu pessoal diplomático de Trípoli, na esteira da desastrada intervenção dos EUA e da OTAN na Líbia, que teve como consequência a entrega de uma das mais desenvolvidas nações do continente africano a uma matilha de quadrilhas radicais islâmicas, após a derrubada e o assassinato de Muamar Kadafi, em 2011.

Brasília está fechando sua embaixada para proteger seus funcionários. Os EUA, porque, assim como ocorreu no Iraque, foram taticamente derrotados e falharam em colocar no poder governos fantoches, apesar de terem destroçado política e socialmente esses países, deixando, como está acontecendo na Síria, como rastro de sua interferência, direta ou indireta, centenas de milhares de mortos e milhões de refugiados.

Único país do mundo a possuir, sem necessidade de lastro, uma impressora de dinheiro em casa, e a contar com gigantesca máquina de inteligência, espionagem e propaganda, os EUA teriam tudo para, se quisessem, como diria o teórico da auto-ajuda Dale Carnegie, “ganhar amigos e influenciar as pessoas”, incentivando a paz e o desenvolvimento nos países mais pobres, por meio de “soft power”.

Cinco principais razões, no entanto, impedem a república norte-americana de fazer isso:

Em primeiro lugar, o grande business do medo, tocado, protegido, irrigado como frondosa e delicada árvore, todos os dias, por milhares de pseudo-intelectuais, “filósofos”, acadêmicos, “pesquisadores” e jornalistas, que vivem de provocar, induzir e realimentar as indústrias do anti-comunismo, do anti-islamismo, do “anti-chinesismo”, do anti-russismo, do anti-castrismo, do anti-bolivarianismo, etc.

Em segundo lugar, o complexo imperial da direita fundamentalista norte-americana, que acredita, piamente, ter herdado, dos pais fundadores, exclusivo e expresso mandato recebido – como as Tábuas da Lei - diretamente das mãos de Deus, para conduzir o mundo e o destino da Humanidade.

Em terceiro lugar, a política interna, na qual democratas e republicanos, e concorrentes a indicações e a candidaturas, às vezes até do mesmo partido, se acusam mutuamente de desdenhar a segurança, o que coloca a questão da defesa sempre em primeiro plano no embate político, partidário e eleitoral.

Em quarto lugar, os interesses de um imenso complexo industrial-militar que movimenta milhões de pessoas e centenas de bilhões de dólares na pesquisa, desenvolvimento e fabricação de novas armas, que precisam ter sua existência justificada e ser usadas de alguma forma.

E, finalmente, em quinto lugar, uma política externa e uma diplomacia que não conseguem sobreviver sem a desconfiança e a arrogância. Em seu trato com o resto do mundo, principalmente as nações menos favorecidas, os Estados Unidos poderiam usar a cenoura, mas preferem, como qualquer valentão de bairro, brandir o porrete, porque isso lhes dá prazer e a ilusão de força.

Com base em mentiras, como a existência de armas de destruição em massa, os EUA mataram Saddam Hussein e derrubaram Muammar Kadafi, armando um bando de psicopatas que linchou, no meio da rua, a socos e pontapés, o líder líbio, transformando seu rosto em uma espécie de hambúrguer.

Era Kadafi um tirano? Quando convinha, a Europa e os EUA não se aliaram e fizeram negócios com ele, assim como com outros ditadores que são ou foram apoiados pelo “ocidente”, em estados como a Arábia Saudita ou os Emirados Árabes, ou em países como o Chile de Pinochet e a Indonésia de Suharto ?

Sob a liderança de Saddam Hussein, o Iraque chegou a ser um dos países mais prósperos do Oriente Médio, com uma infraestrutura invejável, boa parte dela construída por brasileiros nos anos 1970 e 1980; e a Líbia, sob Muamar Kadafi, tinha o maior IDH africano.

Hoje, depois de guerras fomentadas e promovidas pelo “ocidente”, os dois países estão entregues a rebeldes islâmicos radicais, perto dos quais Kadafi e Saddam Hussein pareceriam anjos. E os Estados Unidos, depois de um custo financeiro e humano incalculável, estão saindo de Trípoli e de Bagdá escorraçados, como saíram do Vietnam e da Somália.

Em “Von Kriege”, Clausewitz escreveu que “a guerra é a continuação da política por outros meios...” querendo afirmar a primazia da razão política sobre a força das armas. Para os Estados Unidos, a política é a continuação da guerra.

De uma guerra permanente que os opõe – como podemos ver pela espionagem contra seus próprios aliados, entre eles a Alemanha – ao resto do mundo.

Não por acaso, as únicas vezes em que os EUA foram efetivamente bem sucedidos, do ponto de vista bélico, foi quando lutaram claramente não em defesa de suas empresas e de sua elite, mas pela liberdade, no conflito contra a Inglaterra pela independência de seu território, e na Primeira e na Segunda guerras mundiais.

A Guerra Fria não passou de uma estratégia contínua e paranoide de isolar e enfraquecer a União Soviética, que saíra da Segunda Guerra Mundial e da Batalha de Berlim como uma nação vitoriosa, sem a qual o nazismo não teria sido derrotado.

Hoje, embora não o admita, a direita norte-americana está extremamente preocupada com o avanço do BRICS e mais especialmente da China.

Nos próximos anos, se os EUA não mudarem, esse avanço será cada vez mais eficaz e inexorável.

Não pelo fato de que Pequim esteja se armando militarmente, assim como os outros BRICS. Mas porque, na maioria dos lugares em que chegam, países como o Brasil e a China o fazem por meio de obras, comércio, investimentos, portos, estradas, pontes, ferrovias. E os Estados Unidos, a OTAN, e seus aliados, por meio de mentiras, intrigas e discórdia, bombardeios, drones e porta-aviões.

Texto replicado de MAURO SANTAYANA