Sarah Carneiro (*)
Paris - Embora a manifestação tenha sido proibida pela justiça – na França, a organização de mobilizações nas vias públicas só é possível mediante autorização da polícia –, milhares de pessoas ocuparam, sábado (19, as ruas do norte de Paris para bradar contra os ataques de Israel à Palestina. Houve muita tensão: um civil e um policial ficaram feridos e 38 pessoas foram presas.
O movimento teria início às 15h. Por volta das 10, quase 30 viaturas policiais já cercavam a região, enfileiradas nas ruas que circundam a estação de metrô Barbès. Agentes andavam de um lado para o outro, examinando o mapa da cidade e articulando estratégias para sufocar a manifestação, caso esta viesse a ser formada.
Em meio aos preparativos dos policiais, uma senhora que passava pelo local demonstra o seu inconformismo. “É completamente lamentável a interdição dessa manifestação de solidariedade a um povo massacrado. A França é o país dos direitos humanos e da liberdade de expressão”, salientou.
O movimento teria início às 15h. Por volta das 10, quase 30 viaturas policiais já cercavam a região, enfileiradas nas ruas que circundam a estação de metrô Barbès. Agentes andavam de um lado para o outro, examinando o mapa da cidade e articulando estratégias para sufocar a manifestação, caso esta viesse a ser formada.
Em meio aos preparativos dos policiais, uma senhora que passava pelo local demonstra o seu inconformismo. “É completamente lamentável a interdição dessa manifestação de solidariedade a um povo massacrado. A França é o país dos direitos humanos e da liberdade de expressão”, salientou.
Crescente
Era mais ou menos 14h, quando um grupo de umas 30 pessoas chegou à região, munido de bandeiras e alguns cartazes. Gritando frases, como: “Resistência de Paris à Gaza” e “Israel assassino; Hollande (presidente da França) cúmplice”, eles pediam liberdade. “Nós temos o direito de nos manifestar. Não podemos aceitar a proibição que nos foi dada. Crianças morrem. Israel coloniza Gaza e temos que reagir”, exigia Ichan, um dos militantes.
“O mundo inteiro apoia esta manifestação. Até os jornalistas americanos têm assumido uma posição contrária a Israel. Todas as pessoas estão percebendo que os israelenses são manipuladores, e que efetivamente os palestinos estão sendo massacrados. Não se trata de uma guerra; se trata de uma colonização e um povo inteiro corre o risco de morrer. Como cidadãos franceses, nós temos o direito de nos manifestar”, insistia Ichan.
Mais e mais manifestantes foram se aglomerando, e os policiais os cercaram para impedir que saíssem em marcha. A esta altura, 15h30, já se tinha uma multidão no local; homens e mulheres erguiam fotos do massacre, e duas bandeiras de Israel foram queimadas no alto de um prédio. Neste instante, Muay, que vestia uma camisa onde se lia “Boicote a Israel”, perguntado se entendia aquele encontro já como uma manifestação, respondeu: “se temos as passagens bloqueadas e não podemos caminhar, não temos uma verdadeira manifestação”.
Confronto
Transcorridos alguns minutos, uma das avenidas teve o acesso liberado e os manifestantes seguiram com palavras de ordem contra Israel, até esbarrarem num novo cordão policial. Foram arremessados fogos de artifício e pedras em direção à polícia, que reagiu com bombas de gás lacrimogêneo. A partir daí o que se viu foi um enfrentamento entre os dois lados.
Em ruas próximas, muitas pessoas observavam o que estava acontecendo e era comum o descontentamento com a proibição da manifestação, anunciada ontem. “Não entendo como o Partido Socialista pôde fazer isso. Desde 1968 eu não tenho notícias de que alguma passeata tenha sido impedida”, declarou Emmanuelle, habitante do bairro de Barbès.
O argumento usado pelo presidente François Hollande para a interdição foi que “não se pode importar para Paris o conflito que acontece em Gaza”. Além disso, também recordou que mobilizações ocorridas nos últimos dias acabaram em apedrejamentos a sinagogas da cidade econfronto contra a LDF (Ligue de défense juive – Liga de Defesa Judia).
(*) Sarah Carneiro é jornalista.
“O mundo inteiro apoia esta manifestação. Até os jornalistas americanos têm assumido uma posição contrária a Israel. Todas as pessoas estão percebendo que os israelenses são manipuladores, e que efetivamente os palestinos estão sendo massacrados. Não se trata de uma guerra; se trata de uma colonização e um povo inteiro corre o risco de morrer. Como cidadãos franceses, nós temos o direito de nos manifestar”, insistia Ichan.
Mais e mais manifestantes foram se aglomerando, e os policiais os cercaram para impedir que saíssem em marcha. A esta altura, 15h30, já se tinha uma multidão no local; homens e mulheres erguiam fotos do massacre, e duas bandeiras de Israel foram queimadas no alto de um prédio. Neste instante, Muay, que vestia uma camisa onde se lia “Boicote a Israel”, perguntado se entendia aquele encontro já como uma manifestação, respondeu: “se temos as passagens bloqueadas e não podemos caminhar, não temos uma verdadeira manifestação”.
Confronto
Transcorridos alguns minutos, uma das avenidas teve o acesso liberado e os manifestantes seguiram com palavras de ordem contra Israel, até esbarrarem num novo cordão policial. Foram arremessados fogos de artifício e pedras em direção à polícia, que reagiu com bombas de gás lacrimogêneo. A partir daí o que se viu foi um enfrentamento entre os dois lados.
Em ruas próximas, muitas pessoas observavam o que estava acontecendo e era comum o descontentamento com a proibição da manifestação, anunciada ontem. “Não entendo como o Partido Socialista pôde fazer isso. Desde 1968 eu não tenho notícias de que alguma passeata tenha sido impedida”, declarou Emmanuelle, habitante do bairro de Barbès.
O argumento usado pelo presidente François Hollande para a interdição foi que “não se pode importar para Paris o conflito que acontece em Gaza”. Além disso, também recordou que mobilizações ocorridas nos últimos dias acabaram em apedrejamentos a sinagogas da cidade econfronto contra a LDF (Ligue de défense juive – Liga de Defesa Judia).
(*) Sarah Carneiro é jornalista.
Créditos da foto: Luciano Fogaça
texto original: CARTA MAIOR
Nenhum comentário:
Postar um comentário