Antes do chamado Descobrimento da América, os nativos já viviam nas terras desconhecidas. Eles viviam da pesca, caça, coleta e praticava uma agricultura rudimentar, mas essas atividades eram suficientes para propiciar o sustento das tribos existentes.
Nos primeiros contatos, com os povos vindo da Europa, as relações eram de escambo (troca) de mercadorias trazidas da Europa com o fornecimento do Pau Brasil. Nessa relação comercial, os nativos cortavam e colocavam toda a madeira dentro dos navios para o posterior transporte. Em troca, eles recebiam quinquilharias para enfeite e ferramentas como: facas, machados e enxadas. Alias, as ferramentas era a parte que mais interessava para os nativos, pois essas ferramentas permitiam executar uma melhor agricultura, caçar e pescar de maneira mais eficaz.
De posse dessas ferramentas, os nativos demoravam a fazer escambo com os europeus, só apareciam quando surgiam a necessidade de novas ferramentas. Afinal de contas, eles tinham como prover o próprio sustento sem a necessidade do contato permanente e do escambo entre eles e os europeus.
Só que o Pau Brasil perdeu preço no mercado europeu e portanto o comércio, realizado a partir do escambo, praticamente ficou paralisado. Os Portugueses que se diziam os descobridores das novas terras (na realidade estavam invadindo e tomando posse) ficaram na necessidade de explorarem uma nova maneira de tirar riqueza das terras que se apossaram. Mas, como convencer os nativos a trabalharem para eles? Lembrar que os nativos proviam o próprio sustento e não tinham necessidades de trabalharem para os supostos donos da terra. Alias, nem mesmo a ideia de posse da terra eles tinham, para eles a terra pertencia a todos e todos poderiam andar e viver sobre elas.
Para obrigarem os nativos trabalharem para os europeus só tinha um jeito: tirar as condições que os mesmos tinham de prover o próprio sustento. E isso foi feito se apossando da terra, só que o problema é que muitos nativos reagiram a perda de liberdade e acesso a terra. Os que reagiram foram mortos, outros foram capturados e muitos fugiram para o interior do país.
Como os nativos que foram capturados não produziam da maneira que satisfizesse os novos donos dos meios de produção, os portugueses tiveram de trazer outros dominados (os negros africanos!) para serem explorados e gerarem riquezas para os invasores europeus!!! Para piorar a situação, os nativos americanos, que estavam sendo obrigados a fazerem trabalhos forçados, resistiam em realizar os trabalhos na agricultura até por questões morais. Era tradição os nativos dividirem os trabalhos agrícolas da seguinte maneira: os homens faziam a limpeza e semeadura da terra e as mulheres faziam a coleta e produção do alimento. Portanto, muitos dos homens nativos preferiam morrer do que fazerem trabalhos femininos.
Essa apropriação das terras do novo continente continua até os nossos dias. Só que durante todo esse tempo de invasão e devastação das riquezas do continente, os índios foram sendo eliminados (continuam sendo eliminados), alguns foram incorporados ao novo mundo e juntamente com os negros, já “libertos”, estão cada vez mais sendo espremidos nas poucas terras (geralmente as sem valor) que tiveram acesso. Devido a essa apropriação por parte dos exploradores, os que não conseguiram se apropriar dos meios de produção (incluem-se alguns descendentes dos europeus) tem de conseguir o próprio sustento trabalhando para esses que se apossaram dos meios de produção e consequente controlam os meios de sustento dos que deles dependem!
Só que a chamada modernidade nos novos meios de produção obrigam aos explorados terem de aprenderem manipularem esses novos equipamentos para produção (aprenderem uma nova profissão) e isso nem sempre ocorre. Muitos ficam a mercê de se receber o peixe para não passarem fome. Resultado, muitos dos que conseguem trabalhar (emprego) e conseguir o próprio sustento não querem que se dê o peixe aos que não foram absorvidos nos novos meios de produção. Alegam que não se deve dar o peixe ( os sustento) e sim, ensinar a pescar, ou seja, trabalharem para conseguirem o próprio sustento.
Ironicamente, quando os invasores aqui chegaram, os que aqui viviam proviam o próprio sustento, cultivavam a própria roça, caçavam e pescavam. Só que agora aparecem os descendentes, dos invasores, exigindo que se aprenda a pescar! Retiraram o acesso a terra, poluíram os rios, prenderam os poucos animais que sobreviveram e até para se respirar está ficando cada vez mais difícil, devido a poluição, e querem ensinar a pescar! Ou seja, essa frase de efeito é uma das maneiras de se convencer que os dominados trabalhem nas condições impostas para os que se apossaram dos meios de sustento da grande maioria da população!!
Antônio Carlos Vieira
Licenciatura Plena - Geografia (UFS)
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