segunda-feira, 4 de novembro de 2024

ASSASSINANDO A LINGUA PORTUGUESA II

Cada dia mais aparecem pessoas que vivem a corrigir o que eles dizem serem erros de português. Para tal usam argumentos de todas as espécies. Os argumentos vão desde as ditas mudanças para facilitar o aprendizado da linguagem, incorporação de palavras estrangeiras para melhorar o português (sempre adicionam palavras inglesas) e apareceu até uma tal de justificativa dizendo que o idioma tem de ser neutro em relação ao gênero !!!

Durante o período iniciado na chamada Descoberta do Brasil até o ano de 1758, o Tupi (ou língua brasílica) era o idioma mais falado do Brasil. Até essa data, de cada três pessoas vivendo no Brasil apenas uma falava português. A Língua Tupi foi proibida por decreto do Marquês de Pombal com o objetivo de enfraquecer a Igreja Católica e os jesuítas que usavam o tupi para catequizar os nativos, ou seja, facilitar o controle da população na colônia por parte da Metrópole Portugal.

Mesmo após a chamada independência do Estado Brasileiro e após o surgimento da República e durante a Era Vargas o Tupi continuou proibido e quem desobedecesse era punido.

Mesmo após o domínio completo do Idioma Português, no Estado Brasileiro, era um idioma cheio de palavras espanholas. Era muito comum encontrar pessoas pelo interior do Brasil falando um protuguês com muitas palavras oriundas do Espanhol e isso foi decorrente de dois fatores: um é que o português herdou muitas palavras espanholas quando do seu surgimento e a outra é que o Brasil foi colônia Espanhola durante sessenta anos.

Na década de 70, 80 do século passado ainda era muito comum encontrar pessoas no interior do Brasil, misturando algumas palavras espanholas com o português. Nesta época eu viajava para muitas localidades do interior e ouvia muito chamar chapéu de sobreiro e sem falar o varrer e barrer!! Nesta mesma época ainda era possível encontrar pessoas escrevendo farmácia e filosofia iniciando com PH (pharmacia e philosofia).

Com o surgimento dos meios de comunicação em massa e sua influência no vocabulário as mudanças foram aceleradas. Da década de sessenta até os dias atuais foram retiradas mais de duzentas palavras espanholas do vocabulário do protuguês falado pelos brasileiros. Ocorreu uma tal de reforma ortográfica que dizem para facilitar o uso do idioma, mas que na realidade é uma imposição aos falantes do idioma por parte dos chamados doutores linguísticos. Qualquer pessoa sabe que os idiomas vão mudando no decorrer do tempo com a prática do uso por parte dos falantes de acordo com suas necessidades e facilidades e não uma imposição de uns poucos que se acham os controladores de tais idiomas. Um dos escritores que contestou as mudanças nas regras do nosso glorioso protuguês foi o escritor Suassuna. Tem o inconveniente que a comunicação falada veio antes da escrita e agora estão invertendo a lógica e impondo a maneira de escrever para o que se deve falar !

No decorrer do tempo uma coisa que se tornou muito comum, é o excesso de uso de palavras inglesas quando se fala o proturguês. Cada vez mais ocorre a substituição de palavras portuguesas por palavras inglesas que se significam a mesma coisa, ou seja, mesmo existindo a palavra portuguesa identificando um objeto ou ação a pessoas insiste em misturar inglês com o protuguês. Quando a pessoa pronuncia a palavra inglesa errada é comum aparecer alguém chamando a atenção que a pessoa está falando errado e o mais interessante é que isso é feito até mesmo por professores em sala de aula que nem sempre são professores de inglês.

Cada vez mais livros e festas típicas de países do idioma inglês são de uso normal aqui no Brasil. Quando questionado por que o uso intensivo de palavras inglesas no protuguês escutei de vários professores e até mesmo de pedagogos a seguinte resposta : “precisamos melhorar e enriquecer a nossa cultura”. Estranhamente as palavras espanholas ( tinha também algumas palavras francesas) também enriqueciam nosso vocabulário e nossa cultura e foram simplesmente retiradas!!!

Quando da eleição da Presidente Dilma Rousseff, muitas pessoas passaram a se reportar a nova mandatária como PRESIDENTA. Jornalistas e os dicionários ambulantes criticaram veemente essa questão. Escutei muitas pessoas passarem também a usar o termo PRESIDENTO quando se referia ao Lula. Atualmente, surgiu até um pessoas transformando palavras terminadas em o para o masculino e a para o feminino usando o e para dizer que é para não haver discriminação entre homens e mulheres. Tem um outro grupo que alega, neste caso, ser mais fácil assim porque no inglês é assim !

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