Um Novo Olhar
Um homem de nome João, que nunca trabalhou formal ou
informalmente na vida, vive da renda oriunda do aluguel de 10 imóveis herdados
de seus pais. Não se sabe se seus pais trabalharam para adquirir estes imóveis
ou se foram adquiridos de forma desonesta. A pergunta é: Você acha justo que
João, sem nunca ter trabalhado na vida tenha direitos sobre a renda dos
aluguéis?
A Constituição Brasileira determina que todas as riquezas
encontradas em solo brasileiro são de propriedade da União, portanto da nação
brasileira (mesmo que você encontrasse petróleo ou uma jazida de ouro embaixo
do terreno de sua casa, esta riqueza não é sua, pois a sua propriedade se
limita ao uso da superfície segundo a lei).
A nação brasileira é o conjunto de todos os brasileiros
naturais ou naturalizados, assim, toda a riqueza extraída do solo brasileiro é
herança, patrimônio, propriedade de todos os cidadãos brasileiros.
Portanto, toda a riqueza oriunda da exploração do solo
brasileiro é de propriedade legítima de todo e qualquer cidadão nacional, à
partir do mesmo direito legal que garante a João a legitimidade e direitos
sobre os imóveis herdados de seus pais dos quais extrai sua renda e sua
sobrevivência independentemente ou não de ter trabalhado para adquirí-la.
Deste modo, assim como é garantido à João o direito de
exploração de suas propriedades herdadas sem lastro de seu trabalho pessoal
através da cobrança de aluguel de seus inquilinos, também é direito de todo
cidadão brasileiro, sócio legítimo da nação brasileira, o direito a receber
renda e porcentagem referentes à sua parte sobre os lucros advindos da
utilização e exploração das riquezas do país, transformadas em matéria-prima
que alimenta todos os setores produtivos, do aço das panelas aos aviões da
Embraer, independentemente ou não deste ser condicionado à trabalhar para fazer
juz à este direito, exatamente como no caso de João e sua renda a base de
aluguéis.
Este é o princípio legal que norteia todos os programas de
transferência direta de renda, como o renda mínima, renda cidadã, a devolução
de parte dos rendimentos obtidos com a exploração de território nacional que é
de propriedade de todos os cidadãos brasileiros.
Dessa maneira, programas como Bolsa-auxílio e Bolsa-Família
tem como vício de origem dar à entender já a partir de suas nomenclaturas que
seriam benefícios concedidos e não direitos inalienáveis e assegurados,(os
governos em todas as esferas que se valem do discursos de benefícios concedidos
e não da devolução de direitos agem de má fé) entretanto, ao contrário do que
seus detratores alegam, com seus argumentos pífios de associação à esmolas e
manutenção de uma multidão de “vagabundos”.
O que estes programas fazem na prática, nada mais é do que
devolver a legítima parte desses cidadãos no “arrendamento” das riquezas do
país para a utilização privada, ou seja, não é, nem nunca foi nem nunca será
esmola ou benefício, é direito legítimo à propriedade, base da sociedade
capitalista, fundamentada e justificada em garantias de direitos sobre a
propriedade privada.
Ao negar esse direito legítimo à divisão das riquezas
nacionais, propriedade de toda a nação, portanto de todo cidadão enquanto
sócio, invalidamos juridicamente falando, todas as demais garantias ao direito
privado sobre a propriedade, condicionando este direito à renda oriunda da
exploração da propriedade através da validação por meio de carga de trabalho
pessoal compatível.
Deste modo, empresários, arrendatários, locadores, e tantos
outros que extraem seus excedentes de renda por meio da exploração de seus bens
privados como meios de produção, num processo indireto de locação aos
portadores da mão de obra, estariam todos condicionados à levar como salário ou
renda apenas a quantia adquirida diretamente por seu esforço pessoal traduzido
em força de trabalho, o que ironicamente, os conduziria a uma sociedade
socialista.
Em verdade, o que se oculta neste discurso fantasioso
contrário aos programas de distribuição direta de renda é a tendência de
setores dominantes da sociedade à hierarquizar direitos, separando os membros
da nação entre os que tem direitos e os que não tem direitos, entre os que
estão sujeitos á lei e os que não estão.
O grave precedente dessa história de tornar “uns mais iguais
que outros” é que, uma vez que essa grande parcela da sociedade se articule e
descubra que está sendo passada para trás, e que não são atendidas pelos mesmos
direitos e obrigações, isto lhes dá a premissa da DESOBEDIÊNCIA CIVIL, pois,
dentro dessa dicotomia legal conflitante cria-se jurisprudência para não ser
obediente nem a uma nem a outra, afinal, o Brasil é uma nação e não duas,
conforme convenientemente vem sendo manipulado há anos pela elite dominante e
reproduzido em todas as instâncias institucionais afim de que os desfavorecidos
dentro do jogo não percebam a manipulação.
Em suma, negar ao conjunto da população os dividendos
oriundos da produção de riqueza nacional, condicionando seu acesso à
comprovação através do trabalho em uma escala mais ampla é negar o direito à
propriedade de todos, portanto legitimar todo e qualquer ato de apropriação
ilegal de propriedades privadas no país que não estejam devidamente alicerçadas
no trabalho e na comprovação pessoal deste, em suma, endossamos um Estado de
Barbárie onde qualquer um pode, através do uso da força ou quaisquer outros
meios se apropriar de qualquer propriedade desde que está não esteja sendo
validada no lastro do trabalho pessoal e intransferível do proprietário,
condição de 99% das situações.
E aí João, continua achando injusto o direito à renda
mínima?
Quem sabe dar exemplo abrindo mão dos aluguéis e pegando no
batente?
Autor: Josias Franklin Maciel
Cientista Social
Publicado na Gazeta Valeparaibana de Julho 2012-07-01
Olá, tudo bem? Não entendi essa relação de renda mínima e os aluguéis do João..O "personagem" tem todo direito ao aluguel. É dele. Já a Renda Mínima é para reduzir a desiguladade social. É uma redistribuição dos impostos.. Abraços, Fabio www.fabiotv.zip.net
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